quarta-feira, 27 de maio de 2009

Lembranças - Pré II

Pré II
Não falava com ninguém. Me lembro das meninas que faziam panelinha pra me esnobar. Nunca me importei com isso, até porque eu mesma me encarreguei de ignorar tudo o que diziam ou faziam. Recordo ainda, que neste mesmo ano, fui eleita pela professora a oradora da classe (dias e dias ensaiando com a mamãe em casa. Microfone e tudo, minha gente! No meio da sala, lá estava eu, lendo...). No pré acabei me tornando responsável (quem diria, hein?!) porque praticamente 'adotei' um menino da mesma idade que sempre pegava carona com a minha mãe pra ir e voltar da escola. Na hora da saída, ele saía correndo, deixava tudo pra trás (mochila, caderno, estojo, lápis, carrinho, etc) e eu sempre recolhia com a maior paciência. Lembro que um dia ele resolveu me 'recompensar' por isso. Estávamos voltando da escola, no grande Opala (saudades), com minha mãe de motorista e eu fazia graça abrindo a janela, meus cabelos voavam com muita facilidade (ele chorava de rir com isso), ele abriu a mochila e tirou de lá uma espécie de 'bolsinha' de plástico, cheia de balas. Ele corou na hora e me entregou sem nem olhar pra mim. Na hora não entendi nada, por isso pedi que ele repetisse o que havia dito: " - É pra você. Porque você é a minha terceira mãe. A primeira é a minha mãe, a segunda é a sua e a terceira é você que cuida de mim na escola". Momento lindo, não? Parece até que foi o primeiro menino que gostei, né... Ledo engano! Na minha sala, nesse mesmo ano, tinha um menino todo bagunceiro, engraçadinho. Foi ele o primeiro menino que gostei mesmo. Era impossível. O menino, não o amor. O praguinha da escola. Sem comentários.